Por Rafael Mendes
Alemanha, Itália, Argentina, Inglaterra, Uruguai, Espanha e
Bélgica. Sabe uma coisa que todas essas seleções do primeiro escalão do futebol
mundial têm em comum? Todas jogaram mal uma ou até em duas partidas nessa Copa
do Mundo.
Isso mostra o nível de dificuldade e de grandeza do torneio,
o dito popularizado por G. Bueno é verdadeiro “Não tem mais bobo no futebol,
amigo”. O jogo se globalizou e praticamente todos os países produzem bons
jogadores que jogam nas maiores ligas do mundo.
Em 1958, por exemplo, eram 16 equipes. Praticamente não
existiam times africanos e nem asiáticos. Nem naquela época o Brasil sobrava,
ganhava de 1 a 0, empatava. Não acho que um empate com o México ,que
historicamente traz dificuldade para os brasileiros, seja tão alarmante assim.
Apesar de ter jogado mal contra o México, a esquadra de Scolari
jogou melhor que a Argentina, por exemplo, contra um adversário mais fraco. O
grande problema do Brasil é o duelo nas oitavas de final contra os times mais convincentes
do torneio até aqui e contra Holanda e Chile não existira espaço para os mesmos
erros.
Depois de ver as outras boas seleções ganhando e empatando
com ‘as carça nas mãos’ eu admito estar
mais tranqüilo com o time canarinho.
Agora vamos ao 10º dia:
Argentina – Irã
Recentemente Kanye West terminou sua longa e frutífera
parceira com a Nike e assinou com a Adidas, onde provavelmente vai lançar uma
linha de tênis que vão custar muito caro e você verá no pé de gente muito
descolada com correntes de ouro grossas o suficiente para amarrar uma porta em
seus pescoços. A primeira contribuição dele com a marca foi ceder uma música
exclusiva para a campanha da companhia alemã para essa Copa (que nós no Brasil
vemos demais do Daniel Alves no comercial, o que estraga tudo). A música se
chama ‘God Level’ e a campanha é estrelada logicamente por Lionel ‘La Pulga’ Messi.
Quando Messi fez o gol ao apagar das luzes num jogo HORRIVEL
da Argentina contra o Irã em que os argentinos deveriam ter perdido contra uma
das piores seleções da Copa, eu só consegui pensar “GOD LEVEL”. Pode ser que a
mensagem subliminar funcionou (afinal Kanye West e Messi são Illuminatis), pode
ser que eu seja um grande otário (o que é provável), pode ser que tudo foi um complô
e a FIFA plantou 60 mil pessoas vestidas com a camisa albi-celeste para não
aparecer a torcida brasileira xingando os argentinos pro mundo inteiro. Uma
coisa eu tenho certeza, para a Argentina ganhar essa Copa ou ao menos chegar
perto, Messi vai ter que entrar no ‘Level Deus’, como Maradona fez em 86.
O time argentino é extremamente e inacreditavelmente
limitado, por deus que zaga é aquela. Quando você olha pro Zabaleta e pensa que
ele não é tão ruim é porque a situação é triste. O ataque também não funciona e
isso passa pela má fase de alguns jogadores, ênfase no Higuaín (‘Chanceler do
Capisake’ – BARROS, Lucas. 2014), como também pelas viagens do Sabella que hoje
jogou o primeiro tempo com a terceira formação diferente em dois jogos.
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Illuminati? Talvez |
Hoje, num 4-3-3, com La
Pulga aberto na direita como no começo de sua carreira no Barcelona, o
ataque não rendeu muito, não conseguiu se infiltrar a defesa iraniana que
marcava num 4-5-1 com as duas primeiras linhas muito próximas da grande área. A
armação do jogo sobrou para Gago e Mascherano então nem preciso dizer como que
isso foi.
No segundo tempo, Messi veio jogar atrás dos atacantes como
um ponta de lança. Ele joga na mesma posição no Barcelona? Mais ou menos. A grande
diferença é que no Barcelona ele é o falso
9 ou seja não existem atacantes a sua frente e ele puxa a marcação da linha
de zagueiros sempre jogando no espaços entre eles e os volantes, o que abre
espaço pra quem vem na ponta (Neymar, Alexis, Pedro, Tello, Iniesta, Gumer
Afonso). Na Seleção com Agüero e Higuaín á frente, os atacantes ficam com os
zagueiros e Messi luta com os volantes (quase sempre 2 ou 3), o que faz que ele
tenha que passar por 2 linhas antes de chegar ao gol e torna quase impossíveis suas
arrancadas.
Com esse grande problema de criatividade a Argentina só teve
uma chance real no jogo quando no contra-ataque, Messi teve espaço para
arrancar e chutou para fora. No resto apesar dos argentinos terem grande posse
que chegou a mais de 80% em certos períodos da peleja, nada de criação de
jogadas.
E o tempo foi passando e o Irã foi gostando do jogo, primeiro
nas bolas paradas onde a zaga Argentina voltou a mostrar falhas e depois nos
contra-ataques. Três grandes defesas de Romero e um pênalti (Mandrake) não
marcado para o Irã e o inacreditável foi acontecendo, o Irã jogava melhor que
os argentinos. Merecia vencer até eu diria, não fosse Messi.
46:30 do segundo tempo – O melhor jogador do mundo pegou a bola pela direita,
puxou pra esquerda cortou um defensor iraniano. GOD LEVEL.
A Argentina, por enquanto vai se safando na fase de grupos mas com essa bagunça tática que é a equipe, será que Messi vai conseguir ser
Deus ‘na hora que o filho chorar e mãe não ver’?
Eu sou agnóstico.
Melhor da Partida:
Romero. Três grandes defesas que garantiram no fim a vitória no final das
contas. Se Messi foi Deus, o arqueiro foi no mínimo o Espírito Santo.
Alemanha – Gana
Gana vs. Alemanha, a primeira coisa que vem a cabeça são os irmãos Boateng, que jogam cada um por um time... bla bla bla. Mas minha mãe que estava na sala logicamente não entendeu o fato de cada um jogar por equipe. “O que mais como assim? Um é de Gana outro da Alemanha?”. Depois de explicar durante meia hora, os times entrarem em campo e Dudu Monsanto antecipar como “momento de grande emoção” o cumprimento dos dois irmãos, Prince apenas deu um tapinha no ombro no Boateng alemão e deu um abraço de urso em Özil. “É... tá explicado, parece que eles não se gostam muito.”
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Minha mãe entendeu tudo ao ver o cumprimento |
Expulsei minha mãe da sala por me atazanar com comentários
de moda e quando o melão rolou foi uma peleja bem equilibrada com a Alemanha
com seu habitual toque de bola, explorando principalmente o lado direito da
defesa ganesa, onde Asamoah teve tarde difícil e Gana com muita força física e
velocidade explorava os contra-ataques com Atsu na faixa direita onde Höwedes
também teve muitas dificuldades. Khedira é o jogador do meio campo alemão mais
avançado o que explica por certas vezes a dificuldade de infiltração, o jogador
do Real Madrid cometeu muitos erros de passes e parece fora de forma. Özil bem
do sumido também não ajudou muito.
O jogo esquentou no segundo tempo e Gana expôs todos os
problemas que Joachim Low ‘criou’ em seus experimentos. O 'Professor Pardal' alemão vem jogando com uma linha de quatro zagueiros, com Lahn na cabeça de
área e sem centroavante fixo. No segundo tempo, Gana explorou todos esses
defeitos.
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Joachin Low anda cheios de idéias |
Depois de sofrer um gol meio besta, aos 6 minutos num
cruzamento de Müller para Götze, Gana atacou mais e primeiro explorou o
lateral/zagueiro Mustafi (que havia entrado no lugar de Boateng). Em um cruzamento
de Afful pela direita (bom lateral), André Ayew subiu nas costas do zagueiro e
guardou.
Dez minutos depois, Gana pressionou a saída de bola e Lahn
fez um passe errado nos pés de Muntari que tocou para Asamoah Gyan virar a
partida. O Capitão alemão não vem fazendo boa Copa e pra mim sempre vai parecer
fora de lugar quando joga de volante, não faz sentido ter O MELHOR LATERAL DO
MUNDO E TALVEZ DE TODOS OS TEMPOS (SIM EU DISSE ISSO) E ELE JOGAR EM OUTRA
POSIÇÃO! É TUDO CULPA DAQUELE OTÁRIO DO GUARDIOLA, MAS ELE TAMBÉM JOGAVA COM O
YAYA TOURÉ DE ZAGUEIRO E O DANIEL ALVES NA PONTA DIREITA. SAI DESSA LOW, AINDA
DÁ TEMPO.
E Gana poderia ter matado o jogo, aos 21 minutos em um
contra-ataque 2 contra 2, em que Gyan estava livre pelo meio mas Jordan Ayew
foi bizarramente fominha.
Ai bateu o desespero, o técnico alemão botou Swainahbfgysgysairter
(melhor tratar por Bastian) e Klose, logicamente que o Klose guardou com a sola
da chuteira, empatou o recorde do balofo do mesmo jeito como foram os outros 14
gols. Gol de atacante desgraçado e gênio.
Logicamente o Ronaldo agiu que nem um belo babaca no Twitter:
Bem, a entrada do Bastian deu mais criatividade pros germânicos
que até tiveram algumas chances de vencer, mas o jogo ficou num empate merecido
e os africanos ainda estão vivos no Grupo G.
Melhor da Partida:
Klose. Por empatar o recorde do idiota do Ronaldo, se quebrar pra mim já
leva a Bola de Ouro. Até minha mãe que estava torcendo pros ganeses passou a
torcer pela Alemanha quando soube da historia do recorde, então parabéns Klose
por aumentar o público do futebol.
Bósnia – Nigéria
Eu estava meio estressado, meio nervoso mesmo. Então foi uma
boa hora para uma péssima idéia e fui tomar altas com meu amigo de longa data
Lucas Barros e aproveitar para ver a peleja entre Bósnia e Nigéria pelos bares
da ‘Princesa Tecelã’ (para os forasteiros, esse é o nickname de Americana).
Barros, é a única pessoa que gosta do Alex Escobar narrando mas ele usou um
argumento tão bom que meio que persuadiu:
“Porra, eu gosto dele, ele chegou falando ‘Cada narrador tem
a sua marca (imitando Escobar)’, porra gênio, a marca dele é: Gol da Colombia!
GOOOOOOL! Porra gênio, ele teve essa percepção já, essa noção de marketing.” E olha que pra mim a marca dele tinha sido ter sido xingado pelo Dunga.
Enquanto isso o pau torava na tela da TV e os bósnios
pressionavam o time africano e levavam mais perigo, até que Dseko marcou, mas
não valeu e eu sem ver o replay sabia que não havia sido impedimento: “Porra,
não foi impedimento... que droga eu gosto do Dseko”. Lucão me olhou com olhar de
reprovação e apenas respondeu “Você gosta dele?”
Dseko perdeu algumas chances o que levou o nosso anti-herói
a me provocar incessantemente. “Porra chutou que nem uma bailarina, bixo!”, “Olha
esse Dseko!”, “Puta que pariu, eu odeio o Dseko”.
Passei a focar um pouco no jogo para não sofrer um breakdown psicológico. Péssima idéia, a
Nigéria abriu o placar num lance pela direita em que Odemwingie completou para
as redes. Eu confesso que tenho certo apresso pela Bósnia e fiquei meio
chateado, pois o resultado eliminava os europeus.
No intervalo, Barros continuou seu rant contra jogadores da Copa. “Aquele goleiro da Inglaterra, JOE
HARRRT, O CARA INSOLENTE. ESSA É PALAVRA QUE DEFINE ELE. INSOLENTE. É O TIPO DE
CARA QUE JOGOU EM MANAUS E PASSOU REPELENTE.”
Tentei indagar sobre quais jogadores ele gostava e o que já
era esperado aconteceu: “Asamoah Gyan. Porra o cara tem o cabelo cortado pelo
RL Du Corte, joga com a 3, em Gana, perde pênalti quando não pode, eu me identifico
com esse cara.”
Bem nesse momento eu passei a me identificar com a seleção
da Bósnia que levou um gol inesperado de um time mais fraco e voltou sem reação
no segundo tempo. Tanto que os nigerianos pressionaram e podiam ter aumentado a
vantagem.
Atordoados, os bósnios demoraram a voltar no jogo e quando
voltaram Eneyama fez várias defesas incluindo uma no chute de Dseko no final do
jogo.
E por incrível que pareça, a Nigéria está perto da classificação e os Bósnios eliminados. Faltou Know How para Dseko & Cia.
Melhor da Partida: Eneyama.
Confesso que não analisei no meu melhor estado, mas achei que o goleiro
africano pegou demais.
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