domingo, 22 de junho de 2014

Dia 10 - Kanye, Messi, illuminati, minha mãe, cervejinha e todas as tags que gerem audiência

Por Rafael Mendes 


Alemanha, Itália, Argentina, Inglaterra, Uruguai, Espanha e Bélgica. Sabe uma coisa que todas essas seleções do primeiro escalão do futebol mundial têm em comum? Todas jogaram mal uma ou até em duas partidas nessa Copa do Mundo.

Isso mostra o nível de dificuldade e de grandeza do torneio, o dito popularizado por G. Bueno é verdadeiro “Não tem mais bobo no futebol, amigo”. O jogo se globalizou e praticamente todos os países produzem bons jogadores que jogam nas maiores ligas do mundo.

Em 1958, por exemplo, eram 16 equipes. Praticamente não existiam times africanos e nem asiáticos. Nem naquela época o Brasil sobrava, ganhava de 1 a 0, empatava. Não acho que um empate com o México ,que historicamente traz dificuldade para os brasileiros, seja tão alarmante assim.

Apesar de ter jogado mal contra o México, a esquadra de Scolari jogou melhor que a Argentina, por exemplo, contra um adversário mais fraco. O grande problema do Brasil é o duelo nas oitavas de final contra os times mais convincentes do torneio até aqui e contra Holanda e Chile não existira espaço para os mesmos erros.

Depois de ver as outras boas seleções ganhando e empatando com ‘as carça nas mãos’ eu admito estar mais tranqüilo com o time canarinho.

Agora vamos ao 10º dia:

Argentina – Irã

Recentemente Kanye West terminou sua longa e frutífera parceira com a Nike e assinou com a Adidas, onde provavelmente vai lançar uma linha de tênis que vão custar muito caro e você verá no pé de gente muito descolada com correntes de ouro grossas o suficiente para amarrar uma porta em seus pescoços. A primeira contribuição dele com a marca foi ceder uma música exclusiva para a campanha da companhia alemã para essa Copa (que nós no Brasil vemos demais do Daniel Alves no comercial, o que estraga tudo). A música se chama ‘God Level’ e a campanha é estrelada logicamente por Lionel ‘La Pulga’ Messi.

Quando Messi fez o gol ao apagar das luzes num jogo HORRIVEL da Argentina contra o Irã em que os argentinos deveriam ter perdido contra uma das piores seleções da Copa, eu só consegui pensar “GOD LEVEL”. Pode ser que a mensagem subliminar funcionou (afinal Kanye West e Messi são Illuminatis), pode ser que eu seja um grande otário (o que é provável), pode ser que tudo foi um complô e a FIFA plantou 60 mil pessoas vestidas com a camisa albi-celeste para não aparecer a torcida brasileira xingando os argentinos pro mundo inteiro. Uma coisa eu tenho certeza, para a Argentina ganhar essa Copa ou ao menos chegar perto, Messi vai ter que entrar no ‘Level Deus’, como Maradona fez em 86.

O time argentino é extremamente e inacreditavelmente limitado, por deus que zaga é aquela. Quando você olha pro Zabaleta e pensa que ele não é tão ruim é porque a situação é triste. O ataque também não funciona e isso passa pela má fase de alguns jogadores, ênfase no Higuaín (‘Chanceler do Capisake’ – BARROS, Lucas. 2014), como também pelas viagens do Sabella que hoje jogou o primeiro tempo com a terceira formação diferente em dois jogos.
Illuminati? Talvez

Hoje, num 4-3-3, com La Pulga aberto na direita como no começo de sua carreira no Barcelona, o ataque não rendeu muito, não conseguiu se infiltrar a defesa iraniana que marcava num 4-5-1 com as duas primeiras linhas muito próximas da grande área. A armação do jogo sobrou para Gago e Mascherano então nem preciso dizer como que isso foi.

No segundo tempo, Messi veio jogar atrás dos atacantes como um ponta de lança. Ele joga na mesma posição no Barcelona? Mais ou menos. A grande diferença é que no Barcelona ele é o falso 9 ou seja não existem atacantes a sua frente e ele puxa a marcação da linha de zagueiros sempre jogando no espaços entre eles e os volantes, o que abre espaço pra quem vem na ponta (Neymar, Alexis, Pedro, Tello, Iniesta, Gumer Afonso). Na Seleção com Agüero e Higuaín á frente, os atacantes ficam com os zagueiros e Messi luta com os volantes (quase sempre 2 ou 3), o que faz que ele tenha que passar por 2 linhas antes de chegar ao gol e torna quase impossíveis suas arrancadas.

Com esse grande problema de criatividade a Argentina só teve uma chance real no jogo quando no contra-ataque, Messi teve espaço para arrancar e chutou para fora. No resto apesar dos argentinos terem grande posse que chegou a mais de 80% em certos períodos da peleja, nada de criação de jogadas.

E o tempo foi passando e o Irã foi gostando do jogo, primeiro nas bolas paradas onde a zaga Argentina voltou a mostrar falhas e depois nos contra-ataques. Três grandes defesas de Romero e um pênalti (Mandrake) não marcado para o Irã e o inacreditável foi acontecendo, o Irã jogava melhor que os argentinos. Merecia vencer até eu diria, não fosse Messi.

46:30 do segundo tempo – O melhor jogador do mundo pegou a bola pela direita, puxou pra esquerda cortou um defensor iraniano. GOD LEVEL.

A Argentina, por enquanto vai se safando na fase de grupos mas com essa bagunça tática que é a equipe, será que Messi vai conseguir ser Deus ‘na hora que o filho chorar e mãe não ver’?

Eu sou agnóstico.

Melhor da Partida: Romero. Três grandes defesas que garantiram no fim a vitória no final das contas. Se Messi foi Deus, o arqueiro foi no mínimo o Espírito Santo.


Alemanha – Gana

Gana vs. Alemanha, a primeira coisa que vem a cabeça são os irmãos Boateng, que jogam cada um por um time... bla bla bla. Mas minha mãe que estava na sala logicamente não entendeu o fato de cada um jogar por equipe. “O que mais como assim? Um é de Gana outro da Alemanha?”. Depois de explicar durante meia hora, os times entrarem em campo e Dudu Monsanto antecipar como “momento de grande emoção” o cumprimento dos dois irmãos, Prince apenas deu um tapinha no ombro no Boateng alemão e deu um abraço de urso em Özil. “É... tá explicado, parece que eles não se gostam muito.”
Minha mãe entendeu tudo ao ver o cumprimento

Expulsei minha mãe da sala por me atazanar com comentários de moda e quando o melão rolou foi uma peleja bem equilibrada com a Alemanha com seu habitual toque de bola, explorando principalmente o lado direito da defesa ganesa, onde Asamoah teve tarde difícil e Gana com muita força física e velocidade explorava os contra-ataques com Atsu na faixa direita onde Höwedes também teve muitas dificuldades. Khedira é o jogador do meio campo alemão mais avançado o que explica por certas vezes a dificuldade de infiltração, o jogador do Real Madrid cometeu muitos erros de passes e parece fora de forma. Özil bem do sumido também não ajudou muito.

O jogo esquentou no segundo tempo e Gana expôs todos os problemas que Joachim Low ‘criou’ em seus experimentos. O 'Professor Pardal' alemão vem jogando com uma linha de quatro zagueiros, com Lahn na cabeça de área e sem centroavante fixo. No segundo tempo, Gana explorou todos esses defeitos.
Joachin Low anda cheios de idéias  
Depois de sofrer um gol meio besta, aos 6 minutos num cruzamento de Müller para Götze, Gana atacou mais e primeiro explorou o lateral/zagueiro Mustafi (que havia entrado no lugar de Boateng). Em um cruzamento de Afful pela direita (bom lateral), André Ayew subiu nas costas do zagueiro e guardou.

Dez minutos depois, Gana pressionou a saída de bola e Lahn fez um passe errado nos pés de Muntari que tocou para Asamoah Gyan virar a partida. O Capitão alemão não vem fazendo boa Copa e pra mim sempre vai parecer fora de lugar quando joga de volante, não faz sentido ter O MELHOR LATERAL DO MUNDO E TALVEZ DE TODOS OS TEMPOS (SIM EU DISSE ISSO) E ELE JOGAR EM OUTRA POSIÇÃO! É TUDO CULPA DAQUELE OTÁRIO DO GUARDIOLA, MAS ELE TAMBÉM JOGAVA COM O YAYA TOURÉ DE ZAGUEIRO E O DANIEL ALVES NA PONTA DIREITA. SAI DESSA LOW, AINDA DÁ TEMPO.

E Gana poderia ter matado o jogo, aos 21 minutos em um contra-ataque 2 contra 2, em que Gyan estava livre pelo meio mas Jordan Ayew foi bizarramente fominha.

Ai bateu o desespero, o técnico alemão botou Swainahbfgysgysairter (melhor tratar por Bastian) e Klose, logicamente que o Klose guardou com a sola da chuteira, empatou o recorde do balofo do mesmo jeito como foram os outros 14 gols. Gol de atacante desgraçado e gênio.

Logicamente o Ronaldo agiu que nem um belo babaca no Twitter:


Bem, a entrada do Bastian deu mais criatividade pros germânicos que até tiveram algumas chances de vencer, mas o jogo ficou num empate merecido e os africanos ainda estão vivos no Grupo G.

Melhor da Partida: Klose. Por empatar o recorde do idiota do Ronaldo, se quebrar pra mim já leva a Bola de Ouro. Até minha mãe que estava torcendo pros ganeses passou a torcer pela Alemanha quando soube da historia do recorde, então parabéns Klose por aumentar o público do futebol.


Bósnia – Nigéria

Eu estava meio estressado, meio nervoso mesmo. Então foi uma boa hora para uma péssima idéia e fui tomar altas com meu amigo de longa data Lucas Barros e aproveitar para ver a peleja entre Bósnia e Nigéria pelos bares da ‘Princesa Tecelã’ (para os forasteiros, esse é o nickname de Americana). Barros, é a única pessoa que gosta do Alex Escobar narrando mas ele usou um argumento tão bom que meio que persuadiu:

“Porra, eu gosto dele, ele chegou falando ‘Cada narrador tem a sua marca (imitando Escobar)’, porra gênio, a marca dele é: Gol da Colombia! GOOOOOOL! Porra gênio, ele teve essa percepção já, essa noção de marketing.” E olha que pra mim a marca dele tinha sido ter sido xingado pelo Dunga.

Enquanto isso o pau torava na tela da TV e os bósnios pressionavam o time africano e levavam mais perigo, até que Dseko marcou, mas não valeu e eu sem ver o replay sabia que não havia sido impedimento: “Porra, não foi impedimento... que droga eu gosto do Dseko”. Lucão me olhou com olhar de reprovação e apenas respondeu “Você gosta dele?”

Dseko perdeu algumas chances o que levou o nosso anti-herói a me provocar incessantemente. “Porra chutou que nem uma bailarina, bixo!”, “Olha esse Dseko!”, “Puta que pariu, eu odeio o Dseko”.

Passei a focar um pouco no jogo para não sofrer um breakdown psicológico. Péssima idéia, a Nigéria abriu o placar num lance pela direita em que Odemwingie completou para as redes. Eu confesso que tenho certo apresso pela Bósnia e fiquei meio chateado, pois o resultado eliminava os europeus.

No intervalo, Barros continuou seu rant contra jogadores da Copa. “Aquele goleiro da Inglaterra, JOE HARRRT, O CARA INSOLENTE. ESSA É PALAVRA QUE DEFINE ELE. INSOLENTE. É O TIPO DE CARA QUE JOGOU EM MANAUS E PASSOU REPELENTE.”

Tentei indagar sobre quais jogadores ele gostava e o que já era esperado aconteceu: “Asamoah Gyan. Porra o cara tem o cabelo cortado pelo RL Du Corte, joga com a 3, em Gana, perde pênalti quando não pode, eu me identifico com esse cara.”
 
Esse é o lugar que mais cita RL Du Corte no mundo
Bem nesse momento eu passei a me identificar com a seleção da Bósnia que levou um gol inesperado de um time mais fraco e voltou sem reação no segundo tempo. Tanto que os nigerianos pressionaram e podiam ter aumentado a vantagem.
Atordoados, os bósnios demoraram a voltar no jogo e quando voltaram Eneyama fez várias defesas incluindo uma no chute de Dseko no final do jogo.

E por incrível que pareça, a Nigéria está perto da classificação e os Bósnios eliminados. Faltou Know How para Dseko & Cia.


Melhor da Partida: Eneyama. Confesso que não analisei no meu melhor estado, mas achei que o goleiro africano pegou demais.

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